sábado, 22 de maio de 2010

Confusão total de sentimentos, orientações, entendimentos, verdades.

"E nessa loucura de dizer que eu não te quero, vou negando as aparências, disfarçando as evidências, mas pra quê viver fingindo se eu não posso enganar meu coração? Eu SEI que te amo... (...)E ainda você pensa muito em mim..."


Odeio esse sentimento de incerteza.
Queria ser diferente, juro.

Mas sinceramente, não sei por onde começar, de novo.

quinta-feira, 20 de maio de 2010



RIVERA, Diego. Fruits of Labor (Frutos do Labor).

Essa litografia de Diego Maria Rivera, nascido na cidade de Guanajuato, estado de Guanajuato, México, mexe processualmente com a minha percepção. Não sei explicar se é com a percepção sensorial somente, obviamente que não. Os frutos do labor me transportam para uma realidade dura, sofrida, suada, dolorida, silenciosa. Uma realidade que acontece em todas as partes do mundo, e na minha pequena cidade não é diferente. É de partir e inflamar o coração, ao mesmo tempo. São muitas, muitas, muitas as coisas que eu não consigo compreender, nem alcançar o sentido.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Um obséquio para o não-feito

Sinto falta daquilo que perdi. É um sentimento estranho, dolorido, imprevisível, desejador. Deseja presença, carinhos que ficaram sem se dar, abraços que ficaram por abraçar e palavras que não foram ditas. Tudo isso quer acontecer, aparecer, se solidificar à medida das horas passantes. A casa é inóspita. Seus cômodos se perdem, e o quarto, alcova do corpo e travesseiro da alma, se torna ninho de lembranças pálidas, às vezes fragrantes; todas despertadoras daquela vontade funda, íntima, que sempre surge quando tudo está perdido: a saudade.
Sinto saudades de onde nunca fui e, aí então, desejo ir. Esse tipo de saudade faz querer ir até onde o pensamento me levar, aonde o corpo não consegue chegar. Ver pessoas que nunca vi, encontrar olhares que nunca olhei, senti. Mergulhar em sorrisos que nunca me sorriram ou, se sorriram, ficaram perdidos no correr dos dias, rostos, corpos. Sorrisos claros como os céus claros de dias de chuva fina.
Desejo possuir sorrisos como aquele outro, incomparável em beleza, graça, de contrastante leveza, leveza profunda. Os traços são sóbrios, as palavras ditas após perspicazes reflexões, aparentemente. As atitudes imprevisíveis: a persona é mais profunda do que se pode pensar. É ícone e objeto ao mesmo tempo. É desejo, almejo, cobiça, alheio.
Os galos cantam, o tempo voa. A natureza rege o ritmo que deve ser seguido.
As pálpebras caem, o rosto enruguece.
As mãos se mancham, e, até os seios das mulheres-meninas, das meninas-mulheres, caem (um dia).
Tudo é fugidio. Passageiro. Inexpressivo. Nevoento: qual o sentido?
Penso que deve ser por isso que todos sentimos saudades do que perdemos. Porém, a pior das faltas é a daquilo que nunca tivemos, apesar de sentir - não pensar, sentir - aquele invisível que nos salta aos olhos, mesmo que seja somente aos nossos.
A vontade, saudade, o desejo por aquilo que não chegamos a tocar, dos abraços e beijos que não pudemos trocar, das conversas que não tivemos a oportunidade de travar por horas a fio, sentindo o cheiro da noite e segurando as mãos, ah, essa é a pior de todas. É a que mais dóis, machuca e marca pela dúvida, pela ruminança, pelo desejar. Não vale a pena sentir, mas se torna masoquismo. Senti-la doer, enraizar-se dentro de nós, é estar mais perto daquilo que se quer. É portanto, um obséquio para aquilo que não se chegou a fazer e não se tem a certeza de que fará.